quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Con-tradição


Sou inteiro e sou metade.
Metade de uma inteireza,
inteiro por ser metade.

Metade de mim é inteira,
outra metade é só a metade.
Um que é dois,
dois que é um.

Parte de mim é humano,
a outra, ainda há
salvação.

Sigo lento e curvo,
até mesmo na parte
menos escuro
sou metade
de um (in)seguro.

Minha metade
é amor,
a inteireza
é só água
desembocando em chuva.

Algo em mim é tradição,
minha vida é
contradição.

Há muito em mim
de tudo
um pouco
que não é muito,
mas que é transbordante.

Em mim,
há metades,
inteiros e condições.
Só não há limites
nem medições.

domingo, 20 de outubro de 2013

Arma-rio


Vira e revira
Viva-se e reviva-te.
Ossos postos,
olhos de corvos
mata acima,
rio adentro.

Chora-me e chova-te
choca os ovos.
Joga aos porcos,
cava terra
terra abaixo.

Asa de condor,
com dor
e quebrada.
Alça voo
e vou.

Arma-se, ama-lhe
rama-lhe-te
espinhos curvos
em caminhos
turvos.

Rio quando vejo,
rio quando choro,
rio pro rio
rio ao rio:
um mar(rio).