segunda-feira, 8 de junho de 2015

Hoje, sou saudade


Saudade de andar no tempo, sem me preocupar com ele.
Saudade de não ter saudade.
Saudade de correr feito louco na chuva, com pés molhados no barro macio.
Saudade daqueles amigos que partiram, ficaram e que eu parti.
Saudade de andar no silêncio das ruas da pequena cidade, simplesmente com medo de cachorros.
Saudade de não sentir medo e o único medo era algum dia ter medo de algo.

Hoje, sou saudade.
Sou sol-dade.
Soldado que luta uma luta vã contra a saudade.
Sou só...
Saudade.
Saudade dos rostos íntimos de quem dividia tudo: até as brigas.
Saudade de ter o dia inteiro para pensar no que pensar.
Saudade de chegar ao fim do dia e não ter pensado em nada.
Saudade do que um dia estaria por vir e veio e foi-se.
Saudade daquela escola que era um tubarão.
Hoje, sou saudade da cidade que era um vale, no paraíso.

Hoje, sou sal-dade da vontade de ir à cidade.
Saudade de pegar a bicicleta e fazer molecagem.
Saudade de ouvir novamente vozes conhecidas.
Sou soldado que luta contra a voracidade, dessas tantas
saudades, que hoje, sou saudade.

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